The Crew é o
novo jogo da Ubisoft desenvolvido pela Ivory Tower e Ubisoft Reflexions, com a
proposta de criar um ambiente online para os jogadores formarem suas próprias gangues
e dominarem a cidade. Quer dizer, os Estados Unidos por completo. A pergunta que fica depois de algumas horas de jogo é: Pra quê time?
O mapa de The Crew é uma das coisas mais
divertidas e impressionantes de todos os tempos. Apesar da "repetição"
de alguns cenários (estradas vazias, como no mundo real), ele tenta explorar
cada uma das características dos lugares por onde passamos.
A saída do aeroporto de Las Vegas, aquela
avenida principal, a cidade de Los Angeles (me fez lembrar um pouco o Midnight
Club Los Angeles), Nova York, tudo bem referenciado. E tudo acontece em tempo
real, com transições que simulam as imagens de um satélite.
Tudo em
The Crew me faz lembrar do clássico NFS Underground 2, o problema é que a nostalgia é curta, já o resultado
final não faz questão de se espelhar no jogo da Eletronic Arts, que fez todos
os jogadores colocarem neon embaixo dos seus carros para o SWAG MAX. E
tem um outro probleminha aqui: ele é um game da família Ubisoft, com aquele
sistema manjado de subir na torre, liberar o mapa e pulhar no feno. Aqui são antenas
para abrirmos novas partes do mapa (e desafios de estrada), e celeiros para
ganharmos novos veículos.
Apesar da quantidade razoável de peças para o
tuning - capôs, saias, rodas, estofamento, cores, nada é realmente necessário
ou muito extravagante. A menos que que seja um dos tuning de performance que o
game define para o jogador enfrentar os diferentes tipos de provas existentes
com o mesmo carro. The Crew não lhe fornece um carro, apenas, a proposta é do jogo fornecer um avatar ao jogador,
assim como num jogo de RPG. O sistema de nível do seu veículo faz com que o
mesmo se torne um personagem que pode ser grindado. Assim, com o avanço da
história e a aparição de carros mais potentes, aquele seu Golf GTI aguente uma
corrida contra uma Lamborghini sem sofrer muito, graças ao nível de experiência
e às peças utilizadas nos upgrades.
ISSO É MUITO LEGAL. Eu tenho um certo
afeto pelo carro que escolho em primeiro. Normalmente um underdog, com pouca
potência, mas que com o devido tuning, consegue se sair perfeitamente bem
contra um supercarro numa pista onde precisão é mais importante que velocidade.
Quem ainda gosta de corridas em linha reta, afinal?
Para ganhar peças melhores, é preciso consguir
boas medalhas. A colocação na corrida apenas o faz passar de fase. O que
importa é a sua medalha pro atividade, que lhe concede uma peça equivalente. As
peças variam a cada atividade e possuem bônus de status diferentes, assim como
armas de um RPG.
O jogo obriga o jogador a permanecer numa
espécie de lobby online o tempo todo. As corridas todas podem ser realizadas
com outros jogadores, da sua equipe ou não. No entanto, todos os objetivos do
game servem mais ao propósito de um jogador, ao invés de vários. Não faz muito
sentido criarmos uma equipe e vivenciarmos toda a trama proporcionada pela
Ivory Tower, por mais divertido que seja o rolê de galera - para isso temos
Forza Horizon 2.
A linha
guia da história gira em torno de um assassinato, policiais corruptos, uma
gangue bastante influente em todo tipo de crime e um infiltrado que fará de
tudo para ver a justiça sendo feita, mesmo que com as próprias mãos. Roteirinho
básico, mas super bem vindo em um jogo de carros, ou as pessoas já se
esqueceram de Driver? Infelizmente, a comparação não seria justa, já que as
coisas não funcionam tão bem.
A
direção, parte mais importante do jogo, é casual ao extremo. A inteligência
artifical não faz questão de mascarar seu comportamento, sempre agressivo
quando está em segundo, realizando ultrapassagens absurdamente impossíveis e
"esperando" próximo a linha de chegada. E não, não é mimimi.
As colisões também são bem bizarras. Dependendo do momento, uma batida de
frente com alguém apenas reduz a sua velocidade, outras vezes um toque na
traseira faz seu carro capotar 10 mil vezes.
The Crew é um game de potencial, mas duvido que
se empenhem nele por mais tempo. É um desperdício abandonar um mapa daqueles e
uma ideia tão bem bolada de nível de experiência para os carros. Mas
provavelmente vai ser esquecido devido as notas baixas que ele tem recebido e
também porque outros jogos de carros podem ter um apelo maior a um tipo mais
específico e fiel de jogador, aquele que curte jogos mais próximos à simulação
automobilística. Uma pena.