Blacklist caiu um pouco
naquele limbo das continuações que só a Ubisoft consegue promover aos seus
títulos. O sétimo jogo da franquia tem Conviction o antecedendo e a chance de
dar continuidade ao bom trabalho executado no exclusivo do Xbox 360. Não chegamos
ao ponto de um Assassin's Creed da vida, mas Blacklist perdeu basicamente tudo
que os seus antecessores batalharam para conquistar: uma vida para Sam.
Mais parecido com um episódio de 24h, que é preciso lutar contra o tempo para
impedir o avanço terrorista, e depois de ter a sua filha ressuscitada no jogo
anterior, aquele draminha com relação aos personagens principais precisou ser
enterrado, "pelo bem da missão". Sam Fisher está mais robotizado do
que nunca, e não perde tempo seguindo protocolos.
Na história principal, o grupo denominado Engenheiros
assume a culpa pelo atentado na base militar norte americana de Guam e diz que
esse foi o primeiro de muitos ataques aos EUA que estão para acontecer. A única
demanda deles é a retirada total de todas as tropas americanas espalhadas pelo
mundo.
Para combater os terroristas, a presidente dos EUA reúne um grupo
especial de elite sob o comando de Sam chamado 'Fourth Echelon'. Charlie Cole,
hacker amigo de Sam, Isaac Briggs e Anna 'Grim' Grimsdóttir vão trabalhar
juntos um avião de carga que será sua base móvel de operações durante a caçada
aos Engenheiros e a Blacklist.
Sam Fisher pode evoluir seus atributos da maneira que
melhor lhe convir. É possível ficar escondido ao mesmo tempo que elimina todos
os seus inimigos. Ou passar por eles despercebidos. Até mesmo encará-los no
combate armado, mas tomando o máximo de cuidado para não ser alvejado, pois sua
vida é curta e demora a ser restaurante, um ponto bastante positivo, diga-se de
passagem.
Os mapas são bacanas, trabalham bem todos os tipos de
investidas possíveis do jogador. As missões ficam na mesmice de infiltração e
sabotagem, com você precisando, às vezes, resgatar reféns ou interrogar
criminosos. De mansões no Paraguai a montanhas na Síria, e uma estação de
tratamento de água em Chicago, acho que não dá pra ficar entendiado.
Além de evoluir o
personagem, você pode melhorar os equipamentos da sua base móvel. Cada uma das
missões realizadas lhe rende uma quantia monetária que pode ser aplicada
diretamente nos equipamentos utilizados nas missões, ou no seu avião cargueiro
Paladin, de modo a deixá-lo mais modernizado e equipado para as adversidades da
vida de espião.
Existe uma razão - explicado durante o jogo - para a
evolução de cada um dos compartimentos do avião. Quanto mais atualizadas as
instalações, melhores serão os equipamentos, mais fáceis de serem arrancadas de
seus encarcerados serão as informações e um maior detalhamento dos terrenos de
cada uma das missões aparecerão no seu hub. Uma coisa leva a outra e dá o tom
do fator replay/grind que tanto gostamos nos jogos.
O mesmo vale para
todos os desafios secundários dados pelos tripulantes da sua base móvel. A
grande maioria, voltada para o cooperativo, um dos atrativos do game. As
missões não são fáceis, principalmente se jogadas sem ajuda de ninguém. Mas o
fulaninho clássico das 'interwebs' que não espera, sai matando todo mundo e te
xinga por não dar tela suficiente para ele também é um calo no pé.
Splinter Cell, assim como Assassin's Creed,
Rayman e tantas outras séries da Ubisoft, não tem indicações de um
"final" propriamente dito. A era das continuações e remakes deve
perdurar por mais uma geração e, possivelmente, ficaremos presos a um loop
temporal de histórias que não desenvolvem de forma satisfatória nossos
personagens favoritos. Pois a sua evolução apenas o levaria a um final, e
ninguém (deles) quer isso.
Cada vez mais e mais teremos personagens
estagnados, presos em seus próprios presentes. E até o Conviction, por menor
que tenham sido os passos, a história de Sam Fisher havia evoluído. Splinter
Cell: Blacklist, mesmo com alguns detalhes recorrentes do passado, pode ser um
primeiro jogo a qualquer um que queira se aventurar por esse intrincado mundo
da espionagem. E isso é bom e ruim ao mesmo tempo, mas é o que tem para hoje.